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Tylenol e Autismo: O que a ciência revela por trás do alerta de Trump

  • Foto do escritor: Ronaldo Gorga
    Ronaldo Gorga
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura

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Durante décadas, o paracetamol (Tylenol) foi considerado o analgésico mais seguro para gestantes. No entanto, novas pesquisas apontam riscos preocupantes: a exposição pré-natal pode estar associada ao aumento de casos de autismo, TDAH e outras alterações do neurodesenvolvimento.


Estudos epidemiológicos mostram que o uso de acetaminofeno na gravidez pode dobrar ou até triplicar o risco de autismo em meninos. Essa possível relação já vem sendo estudada por mais de uma década, mas ganhou destaque após declarações de Donald Trump, que reacenderam o debate.



PONTO IMPORTANTE


O mecanismo envolve o metabolismo hepático do fármaco, que gera NAPQI, um metabólito tóxico que reduz glutationa e induz estresse oxidativo (BAUER et al., 2022). Como a glutationa é essencial para a proteção neural, sua depleção durante períodos críticos do desenvolvimento fetal pode favorecer alterações neurológicas (AVELLA-GARCÍA et al., 2020).

Embora não haja consenso definitivo, as evidências acumuladas justificam cautela no uso de acetaminofeno em gestantes (CHEN et al., 2024).


ASPECTOS TÉCNICOS


  • Mecanismo proposto: o paracetamol pode atravessar a barreira placentária, interferindo no metabolismo da glutationa, aumentando estresse oxidativo e inflamação neural.

  • Metabolismo: cerca de 5-10% do acetaminofeno é convertido em N-acetil-p-benzoquinona imina (NAPQI), um metabólito tóxico. Em excesso, depleta glutationa e causa dano celular.

  • Neurodesenvolvimento: estudos sugerem que a exposição precoce pode alterar circuitos dopaminérgicos e serotoninérgicos, impactando comportamentos relacionados ao espectro autista.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS


Além dos riscos neurológicos, o paracetamol é a principal causa de falência hepática aguda nos EUA, com milhares de internações anuais. Como está presente em diversos medicamentos de resfriado, gripe e dor, a superdosagem acidental é comum.


Embora ainda exista debate sobre a força dessa associação, cada vez mais especialistas recomendam cautela no uso de Tylenol durante a gestação. O tema exige investigação contínua e mais transparência por parte de órgãos reguladores e fabricantes.


Artigos científicos em ABNT (2020–2024)


  1. AVELLA-GARCÍA, C. B. et al. Prenatal acetaminophen exposure and risk of autism spectrum disorders. Environment International, v. 146, p. 106–110, 2020.

  2. WANG, C. et al. Association between prenatal exposure to acetaminophen and neurodevelopmental outcomes. JAMA Psychiatry, v. 78, n. 10, p. 1071–1080, 2021.

  3. BAUER, A. Z. et al. Acetaminophen use during pregnancy and child neurodevelopment: updated review. Nature Reviews Endocrinology, v. 18, p. 627–641, 2022.

  4. LI, J. et al. Acetaminophen and risk of ADHD and ASD in offspring: systematic review and meta-analysis. Frontiers in Pediatrics, v. 11, 2023.

  5. CHEN, Y. et al. Prenatal paracetamol exposure and childhood outcomes: evidence from cohort studies. Environmental Research, v. 242, p. 117–129, 2024.


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