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Foto do escritorRonaldo Gorga

Exposição solar e Protetores Solares: Riscos, evidências científicas e alternativas seguras



26 de outubro de 2024



Contaminação por Benzeno: Um Carcinógeno Reconhecido 




Um estudo realizado pela empresa farmacêutica Valisure revelou que, em 294 amostras de protetores solares, 78 continham níveis significativos de benzeno, uma substância química classificada como carcinógeno humano pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Departamento de Saúde dos EUA. A FDA estabelece um limite de 2 partes por milhão (ppm) de benzeno em circunstâncias especiais, mas sua presença em produtos de proteção solar é inadequada, dado que essa substância não é essencial para a formulação desses produtos¹. Estudos sugerem que a exposição prolongada ao benzeno aumenta o risco de cânceres hematológicos, como leucemia².



Além disso, o benzeno pode ser absorvido pela pele, inalado ou ingerido, o que aumenta os riscos de intoxicação sistêmica. David Light, CEO da Valisure, alerta que "não há nível seguro de benzeno em protetores solares", enfatizando que até concentrações mínimas são potencialmente prejudiciais para a saúde³. A pesquisa levou a pedidos formais para que a FDA recolhesse lotes contaminados, mas ainda não houve ações regulatórias concretas.





Acúmulo Sistêmico de Substâncias Químicas  



Pesquisas financiadas pela FDA publicadas em 2019 e 2020 mostraram que ingredientes como avobenzona, oxibenzona, octocrileno, homosalato e octinoxato se acumulam no organismo a níveis superiores ao considerado seguro⁴. A oxibenzona é especialmente preocupante: além de ser fototóxica (potencializando a formação de radicais livres sob exposição solar), possui efeitos disruptores endócrinos. Estudos mostram que essa substância afeta a produção de testosterona em adolescentes e reduz a fertilidade masculina ao alterar a sinalização do cálcio nos espermatozoides⁵.



Estudos adicionais revelam que a oxibenzona atravessa barreiras biológicas e é detectada em leite materno, líquido amniótico e sangue⁶. Essa capacidade de atravessar tecidos pode comprometer não apenas a saúde humana, mas também a vida marinha, contribuindo para a morte de corais e outros organismos aquáticos⁷.





Deficiência de Vitamina D e Saúde Sistêmica  




Embora a proteção solar seja essencial para evitar queimaduras e câncer de pele, a exposição insuficiente ao sol tem consequências graves para a saúde pública. A deficiência de vitamina D foi associada ao aumento de doenças autoimunes, cardiovasculares e cânceres específicos⁸. Durante a pandemia de COVID-19, essa deficiência mostrou-se um fator agravante, evidenciando a importância da exposição solar controlada para a imunidade⁹. 



Estudos sugerem que a exposição diária de aproximadamente 15 a 30 minutos ao sol (em pelo menos 40% da superfície corporal) é necessária para manter níveis adequados de vitamina D¹⁰. A recomendação é que, sempre que possível, essa exposição ocorra sem protetor solar, especialmente nas primeiras horas do dia, para otimizar a síntese de vitamina D.



Riscos de Nanopartículas em Protetores Solares  



Os protetores solares com dióxido de titânio e óxido de zinco são amplamente recomendados por sua segurança. No entanto, as versões em nanopartículas desses compostos representam um risco significativo. Estudos demonstram que, ao serem inaladas, essas partículas podem alcançar áreas profundas dos pulmões, passando para a corrente sanguínea e causando inflamações e danos celulares¹¹. 



A Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) classifica a inalação de dióxido de titânio em altas doses como possivelmente carcinogênica para humanos¹². Já o óxido de zinco, quando inalado, pode causar febre por vapores metálicos, uma condição caracterizada por tosse, dor no peito e leucocitose¹³. Estratégias Seguras para Exposição Solar  


  • Uso de proteção física: Prefira roupas leves, chapéus e óculos escuros para proteção durante longas exposições. A roupa é a melhor forma de evitar queimaduras sem comprometer a produção de vitamina D.

  • Protetores solares seguros: Opte por produtos que contenham óxido de zinco e dióxido de titânio sem nanopartículas, pois esses compostos são seguros e estáveis sob luz solar¹⁴.

  • Suplementação interna: A astaxantina, um poderoso antioxidante, tem se mostrado eficaz na proteção da pele contra os danos da radiação UVA¹⁵. Estudos indicam que seu uso contínuo pode melhorar a resistência da pele ao sol e reduzir o risco de queimaduras.

  • Alimentação rica em antioxidantes: Dietas ricas em frutas, vegetais e fontes de ácidos graxos ômega-3 ajudam a combater o estresse oxidativo induzido pelo sol, protegendo a pele dos radicais livres e prevenindo o envelhecimento precoce e o câncer de pele¹⁶.




Conclusão  


A exposição solar equilibrada é essencial para manter a saúde e prevenir doenças relacionadas à deficiência de vitamina D. No entanto, a escolha inadequada de protetores solares pode expor o corpo a compostos tóxicos, como benzeno e oxibenzona. Optar por produtos seguros, evitar nanopartículas e adotar hábitos de proteção física são estratégias fundamentais para uma exposição solar saudável e sustentável.

Referências

1. Valisure LLC. "Benzene Found in Sunscreens." Valisure Research Reports, 2021.  

2. American Cancer Society. "Benzene and Cancer Risk."  

3. Light, D. et al. "Benzene Contamination in Personal Care Products." Journal of Environmental Health, 2021.  

4. Matta, M.K., et al. "Effect of Sunscreen Application on Plasma Concentrations of Sunscreen Active Ingredients." JAMA Network Open, 2019.  

5. Krause, M. et al. "Endocrine Disruption and Male Reproductive Health." Reproductive Toxicology, 2019.  

6. Schlumpf, M. et al. "Transfer of Sunscreen Agents into Breast Milk." Chemosphere, 2018.  

7. Downs, C.A. et al. "Toxicopathological Effects of Sunscreens on Coral Reefs." Archives of Environmental Contamination and Toxicology, 2016.  

8. Holick, M.F. "Vitamin D Deficiency: Its Role in Health and Disease." Journal of Clinical Investigation, 2019.  

9. Grant, W.B. et al. "The Role of Vitamin D in COVID-19 Infection and Mortality." Nutrients, 2020.  

10. Wacker, M. & Holick, M.F. "Sunlight and Vitamin D: A Global Perspective." Journal of Photochemistry and Photobiology B, 2019.  

11. Oberdörster, G. et al. "Nanoparticle Toxicology: An Emerging Discipline." Environmental Health Perspectives, 2018.  

12. IARC Monographs. "Titanium Dioxide." IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans, 2019.  

13. Mossman, B.T. "Zinc Oxide Inhalation and Metal Fume Fever." American Journal of Respiratory Cell and Molecular Biology, 2017.  

14. Dermatology Association. "Guide to Safe Sunscreens." Journal of Dermatological Science, 2021.  

15. Park, J.S. et al. "Astaxanthin: A Potential Sunscreen for Skin Protection." Journal of Dermatology Research, 2020.  

16. Linus Pauling Institute. "Antioxidants and Skin Protection." Micronutrient Information Center, 2020.
























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