25 de outubro de 2025

Resumo da matéria
Demência Pugilística e Encefalopatia Traumática Crônica impacta boxeadores, resultando de golpes repetidos na cabeça ao longo da carreira.
A medicina esportiva busca soluções para proteger os atletas, e medidas de segurança são fundamentais para reduzir o risco de lesões físicas.
A doação do cérebro de Magila representa um avanço na pesquisa, contribuindo para entender melhor as lesões graves em esportes de contato.

A Demência Pugilística, frequentemente apresentada como uma forma de Encefalopatia Traumática Crônica (CTE), representa um grave espectro de comprometimentos neurológicos associados à exposição repetida a traumas cranianos em boxeadores. Esta condição neurodegenerativa é marcada por manifestações clínicas, incluindo déficits cognitivos, alterações motoras e distúrbios psiquiátricos, resultantes do acúmulo de lesões axonais e alterações patológicas¹ semelhantes às observadas na doença de Alzheimer, como a presença de corpos de Lewy e placas amiloides.
"Há 8 anos, muito pouco se sabia sobre essa doença ainda em relação aos sintomas não divulgados. Isso passou a acontecer a partir dos anos 2000, principalmente nos EUA em 2005, de uma maneira um pouco mais expandida" Diz
Estudos indicam que a prevalência de CTE entre boxeadores profissionais pode atingir 20%, evidenciando a necessidade urgente de intervenções preventivas e diagnósticos precoces². Em um gesto significativo para a pesquisa, o ex-boxeador Maguila doou seu cérebro à Universidade de São Paulo (USP) após sua morte, contribuindo para estudos que buscam entender melhor a progressão da CTE e desenvolver estratégias de prevenção para futuros praticantes do boxe.
A análise neuropatológica do cérebro de Maguila, que exemplifica as consequências da prática do boxe, promete revelar insights importantes sobre os mecanismos subjacentes às alterações neurofisiológicas e comportamentais⁶ observadas nesses atletas. Dessa forma, a pesquisa contínua sobre os efeitos a longo prazo das lesões cranianas em esportes de contato não apenas amplia a compreensão das doenças neurológicas associadas ao boxe, mas também reforça a importância da segurança e da saúde cerebral na prática esportiva, garantindo que a proteção dos atletas seja uma prioridade em todas as esferas do esporte.
Demência Pugilística: o legado invisível que pode roubar a vida dos boxeadores

Boxeadores que enfrentam o risco de Demência Pugilística frequentemente carregam um fardo invisível, um comprometimento silencioso que afeta sua saúde ao longo dos anos.³ Assim como outros atletas ignoram os riscos de atividades repetitivas, muitos pugilistas não percebem o impacto profundo que traumas constantes podem ter em seus cérebros. A doação do cérebro do ex-boxeador Maguila à USP para estudos, por exemplo, representa uma intervenção significativa para entender e prevenir essas lesões.
Estudos apontam que a saúde cerebral dos boxeadores é particularmente vulnerável devido a traumas frequentes, causando danos neurológicos que exigem maior investigação⁷. Examinar essas mudanças pode trazer novas possibilidades de tratamento para prevenir o avanço da doença e contribuir para protocolos de segurança no esporte.
Pesquisas demonstram que boxeadores com histórico de concussões precisam de cuidados específicos com a saúde cerebral⁵. Estudos sugerem que o monitoramento de sinais de impacto repetitivo no cérebro é essencial para se criar estratégias eficazes na prevenção de lesões acumulativas e demência pugilística.
Além disso, a ciência destaca a importância de compreender melhor as alterações neurológicas causadas por traumas frequentes. Observando boxeadores de alto nível ao longo do tempo, é possível explorar abordagens inovadoras e mais direcionadas para mitigar o impacto da Demência Pugilística, trazendo avanços inovadores à saúde cerebral e à segurança dos atletas.
Cérebro em risco e os efeitos da Encefalopatia Traumática

Outro aspecto essencial para compreender a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC) é o impacto das lesões corporais repetitivas sobre a neuroquímica cerebral⁸. A ETC envolve interações neuroquímicas complexas que podem alterar funções cognitivas e emocionais, afetando o equilíbrio neuronal e influenciando o funcionamento do sistema nervoso de maneira profunda.
O glutamato, neurotransmissor chave no cérebro, exerce um papel central na comunicação neuronal e, quando alterado a traumas frequentes, pode estar associado a déficits cognitivos e comportamentais específicos da ETC. A desregulação desse neurotransmissor após repetidos traumas reforça a necessidade de uma abordagem especializada para o acompanhamento de atletas expostas a concussões.
A exposição a traumas cumulativos resulta em alterações patológicas, como o acúmulo de proteínas tau e a formação de neurofibrilares emaranhados, que comprometem o desempenho cognitivo ao longo do tempo. É essencial investigar como essas alterações impactam a saúde cerebral, considerando os efeitos prolongados que a prática esportiva pode exercer sobre o sistema nervoso.
Intervenções focadas em neuroproteção e na modulação da resposta inflamatória apresentam potencial terapêutico. Assim, com o avanço dos estudos sobre neuroproteção, é possível desenvolver abordagens específicas para preservar a saúde cerebral e reduzir os efeitos da encefalopatia traumática crônica, promovendo maior segurança e qualidade de vida para atletas em esportes de contato.
Encefalopatia traumática crônica e a relevância das doações cerebrais
A doação de cérebro pós-morte é um componente essencial para a pesquisa sobre
as consequências neurológicas do boxe, especialmente no que diz respeito à demência pugilística e à encefalopatia traumática crônica (ETC). Estas doenças, causadas por lesões repetitivas na cabeça, têm mostrado um impacto significativo na saúde de ex-atletas, destacando a importância de entender melhor os mecanismos que levam a essas condições. Ao coletar e estudar o tecido cerebral de boxeadores que consentiram com a doação, os pesquisadores podem identificar mudanças neuropatológicas características que ocorrem ao longo do tempo. Essas análises são cruciais para desenvolver estratégias que possam ajudar a prevenir ou mitigar os danos neurológicos nos boxeadores, promovendo um ambiente esportivo mais seguro.
Além de revelar as alterações patológicas associadas à ETC e à demência pugilística, a doação de cérebro também pode fornecer insights valiosos para a criação de diretrizes e protocolos que visem a segurança dos atletas. Por exemplo, os dados obtidos através de estudos de doação podem levar à implementação de melhores práticas em treinamento, avaliação médica e monitoramento da saúde dos boxeadores, ajudando a reduzir a incidência de lesões cerebrais ao longo da carreira.
Para participar do processo de doação de cérebro, os potenciais doadores e suas famílias precisam se informar sobre as opções disponíveis. Isso geralmente envolve entrar em contato com bancos de cérebros ou instituições de pesquisa que conduzem estudos sobre doenças neurológicas. A doação pode ser planejada previamente, onde os interessados preenchem formulários de consentimento e discutem suas intenções com profissionais de saúde. Esse processo é fundamental para garantir que a doação ocorra de forma ética e respeitosa, levando em conta os sentimentos e crenças da família.
Sendo assim, a doação de cérebro não apenas contribui para a pesquisa sobre a demência pugilística e a ETC, mas também desempenha um papel crucial no desenvolvimento de estratégias preventivas que podem beneficiar futuros boxeadores. Através de um melhor entendimento das consequências neurológicas do esporte e do envolvimento da comunidade em iniciativas de doação, é possível criar um caminho mais seguro para os atletas e aumentar as taxas de consentimento, assegurando que mais cerebros sejam disponibilizados para a pesquisa.
Intervenções Neurológicas não são uma Solução Mágica para Prevenir Danos Cerebrais no Boxe
Os danos causados por traumas repetitivos são uma realidade para boxeadores e atletas de esportes de contato. Condições como Demência Pugilística e Encefalopatia Traumática Crônica (ETC) levam a déficits cognitivos e problemas motores devido ao acúmulo de proteínas tau e outros marcadores neurológicos. Embora as ações cerebrais de ex-atletas, como as do boxeador Maguila, sejam cruciais para a pesquisa e desenvolvimento de estratégias de prevenção, essas intervenções não são uma solução única.
Para realmente mitigar os danos, são permitidas práticas preventivas e avaliações médicas contínuas, além de mudanças nas regras e treinos, reforçando que a segurança cerebral dos atletas depende de uma abordagem abrangente.
Realize avaliações neurológicas regulares para monitorar sua saúde cerebral e detectar precocemente qualquer alteração que possa indicar lesões acumuladas. É fundamental que você não ignore sintomas como dores de cabeça, confusão ou perda de memória. A detecção precoce é crucial para uma intervenção eficaz e para a proteção da sua saúde a longo prazo.
Implemente técnicas de defesa em seu treinamento para minimizar o risco de traumas na cabeça. Treinar com um foco em defesa pode reduzir a quantidade de golpes que você recebe, causando assim o risco de concussões e outras lesões corporais. Considere participar de sessões de sparring controladas onde a segurança é prioritária.
Adote uma rotina de educação e conscientização sobre concussões em sua equipe. Discuta abertamente os riscos associados a traumas repetidos e a importância de relatar qualquer sintoma. Isso cria um ambiente de apoio e segurança, permitindo que todos os atletas se sintam à vontade para comunicar preocupações.
Considere uma terapia de reabilitação neuropsicológica se você começar a notar sinais de problemas cognitivos ₉. Esta abordagem ajuda a recuperar funções técnicas e a fortalecer as habilidades cognitivas, oferecendo estratégias para lidar com os efeitos de lesões técnicas. Não hesite em procurar ajuda profissional se necessário.
Referências
1- Alemanha > Thieme > 2000 > Sarcoma Sinovial Mal Diferenciado : Uma Análise de Fatores Prognósticos
2- EUA > PMC > 2007 > Recuperação neurológica após intervenção cirúrgica em pacientes com lesão cerebral traumática
3- EUA > SAGE Journals > 2006 > Os efeitos de lesões cranianas repetitivas na função cognitiva
4- EUA > IOS Press > 2017 > Journal of Alzheimer's Disease
5- México > SciELO > 2004 > Impacto das concussões na saúde neurológica a longo prazo
6- EUA > Revisões Anuais > 2015 > Progresso em Neuropatologia da Encefalopatia Traumática Crônica
7- EUA > Springer > 2013 > Resultados neurológicos de lesões cerebrais traumáticas repetidas
8- EUA > Neurologia > 2011 > Alterações hemodinâmicas cerebrais em concussões relacionadas ao esporte
9- EUA > OUP > 2016 > Revista de Neuroengenharia e Reabilitação
10- Reino Unido > Portland Press > 2013 > Função hemodinâmica cerebral prejudicada associada a traumatismo craniano repetido
11- Reino Unido > BMJ > 2014 > Prevenção de Lesões em Esportes de Contato
12- EUA > Springer > 2007 > Encefalopatia Traumática Crônica : Uma Visão Geral
13- EUA > ScienceDirect > 2006 > Neuroinflamação em Lesão Cerebral Traumática
14- EUA > Taylor & Francis > 2017 > Impacto emocional e psicológico de concussões relacionadas ao esporte
15- EUA > IOS Press > 2018 > Journal of Alzheimer's Disease
16- EUA > Springer > 2019 > Abordagens inovadoras para tratar encefalopatia traumática crônica
17- EUA > PLOS ONE > 2022 > Efeitos a longo prazo de concussões em atletas
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